29 de abril de 2009

Especial de Paralamas com Legião já é histórico

Resenha de CD / DVD
Título: Legião
Urbana e Paralamas
Juntos
Artista: Legião
Urbana e Paralamas
do Sucesso
Gravadora: Globo
Marcas / EMI Music
Cotação: * * * *

Em 3 de setembro de 1988, quando foi ao ar pela primeira e única vez na Rede Globo, o especial Paralamas e Legião Juntos era tão somente o retrato de duas bandas que haviam crescido juntas e, naquele momento, viviam fase de grande vigor que - sabe-se hoje - representaria o auge criativo dos dois grupos, ícones da geração roqueira que despontou na década de 80 no rastro da explosão pop da Blitz. Decorridos 21 anos, a edição em DVD do programa dirigido por Jodele Larcher e Roberto Talma - com roteiro assinado por Jodele com o jornalista Tom Leão - dá justo caráter histórico ao programa. O Brasil era um caldeirão em ebulição naquele ano de 1988 por conta da falência dos sonhos políticos e econômicos originados da dita Nova República. E uma das boas músicas que traduziu com fidelidade a ressaca nacional - ao lado do samba roqueiro Brasil (Cazuza, George Israel e Nilo Romero) e de Desordem, música que os Titãs haviam lançado um ano antes - foi Que País É Este?, o tema punk da banda Aborto Elétrico que, gravada em 1987 pela Legião, adquiriu aura incendiária naquele país embebido em corrupção e desilusão. Que País É Este? - vista e ouvida também nos extras do DVD no clipe gravado pela banda de Renato Russo (1960 - 1996) para o programa Fantástico - é, não por acaso, um número catártico do especial, perpetuado no kit de DVD com CD Legião Urbana e Paralamas Juntos, já à venda.

É pena que a imagem do programa não tenha sido especialmente tratada para o DVD. Já o áudio foi remasterizado e está tinindo. A rigor, as duas bandas se encontram somente no tema de abertura - que costura citações de Led Zeppelin (The Song Remains the Same), Jimi Hendrix (Purple Haze) e Beatles (Get Back), entre outros clássicos do rock - e no explosivo número final, quando tocam Ainda É Cedo (hit inicial da Legião) com citação de Jumpin' Jack Flash. Há, no meio, o encontro de Herbert Vianna com Renato Russo em Nada por mim. Emoldurada pelos acordes da guitarra do paralama, a voz do legionário entoa nervosamente a balada composta por Herbert com Paula Toller para Marina Lima. No mais, são números individuais nos quais se pode conferir a pegada desde sempre azeitada dos Paralamas do Sucesso. O power trio manda ver em músicas como O Beco, Alagados e Depois que o Ilê Passar (tema do bloco afro-baiano Ilê Ayiê que a banda nunca gravou e que aparece editado com desleixo no especial). Com menor exuberância técnica, a Legião Urbana já começava a ficar marcada no momento da gravação pela aura messiânica que ia envolver progressivamente as interpretações e a figura de Renato Russo. Enfim, um registro essencial de uma época em que o rock brasileiro fervia sem pretensão de ser moderno e cool. Histórico!!!

6 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Em 3 de setembro de 1988, quando foi ao ar pela primeira e única vez na Rede Globo, o especial Paralamas e Legião Juntos era tão somente o retrato de duas bandas que haviam crescido juntas e, naquele momento, viviam fase de grande vigor que - sabe-se hoje - representaria o auge criativo dos dois grupos, ícones da geração roqueira que despontou na década de 80 no rastro da explosão pop da Blitz. Decorridos 21 anos, a edição em DVD do programa dirigido por Jodele Larcher e Roberto Talma - com roteiro assinado por Jodele com o jornalista Tom Leão - dá justo caráter histórico ao programa. O Brasil era um caldeirão em ebulição naquele ano de 1988 por conta da falência dos sonhos políticos e econômicos originados da dita Nova República. E uma das músicas que traduziu com fidelidade a ressaca nacional - ao lado do samba roqueiro Brasil (Cazuza, George Israel e Nilo Romero) e de Desordem, música que os Titãs haviam lançado um ano antes - foi Que País É Este?, o tema punk da banda Aborto Elétrico que, gravada em 1987 pela Legião, adquiriu aura incendiária naquele país embebido em corrupção e desilusão. Que País É Este? - vista e ouvida também nos extras do DVD no clipe gravado pela banda de Renato Russo (1960 - 1996) para o programa Fantástico - é, não por acaso, um número catártico do especial, perpetuado no kit de DVD com CD Legião Urbana e Paralamas Juntos, já à venda.

É pena que a imagem do programa não tenha sido especialmente tratada para o DVD. Já o áudio foi remasterizado e está tinindo. A rigor, as duas bandas se encontram somente no tema de abertura - que costura citações de Led Zeppelin (The Song Remains the Same), Jimi Hendrix (Purple Haze) e Beatles (Get Back), entre outros clássicos do rock - e no explosivo número final, quando tocam Ainda É Cedo (hit inicial da Legião) com citação de Jumpin' Jack Flash. Há, no meio, o encontro de Herbert Vianna com Renato Russo em Nada por mim. Emoldurada pelos acordes da guitarra do paralama, a voz do legionário entoa nervosamente a balada composta por Herbert com Paula Toller para Marina Lima. No mais, são números individuais nos quais se pode conferir a pegada desde sempre azeitada dos Paralamas do Sucesso. O power trio manda ver em músicas como O Beco, Alagados e Depois que o Ilê Passar (tema do bloco afro-baiano Ilê Ayiê que a banda nunca gravou e que aparece editado com desleixo no especial). Com menor exuberância técnica, a Legião Urbana já começava a ficar marcada no momento da gravação pela aura messiânica que ia envolver progressivamente as interpretações e a figura de Renato Russo. Enfim, um registro essencial de uma época em que o rock brasileiro fervia sem pretensão de ser moderno e cool. Histórico!!!

29 de abril de 2009 às 18:02  
Anonymous Anônimo said...

Bandas 80's, espero o dvd da Plebe Rude. E olhe lá!

29 de abril de 2009 às 18:03  
Anonymous Anônimo said...

E ainda tem quem duvide...

29 de abril de 2009 às 19:09  
Anonymous Danilo said...

Gigantes

29 de abril de 2009 às 19:26  
Anonymous Anônimo said...

Paralamas, Titãs (c/ todas as despedidas), Legião (até a morte de Renato), Kid Abelha, Barão, Lulu, Ultraje (mesmo que esporadicamente e na figura de Roger) estão aí até hoje porque têm valor.
As porcarias ou sucessos momentâneos que o talento não permite perpetuar têm de viver de passado mesmo.
É regra para tudo, inclusive música.

29 de abril de 2009 às 19:35  
Anonymous Felipe dos Santos Souza said...

Resenha perfeita, Mauro.

Agora, é esperar para que, algum dia, saia o DVD de "Barão & Titãs", programa ainda mais fervilhante. "Não me Acabo", "Pense e Dance", "Igreja" (com Caetano!), performance lendária de "Lugar Nenhum"... porradaria pura.

E concordo plenamente com o anônimo das 7:35 pm. Se o valor é maior ou menor, não importa. Quem ficou na peneira do tempo a que as bandas dos 80 foram impostas, é porque tem valor. E vai ficar.

29 de abril de 2009 às 21:33  

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