13 de abril de 2009

Aydar cria universo particular no segundo disco

Resenha de CD
Título: Peixes,
Pássaros, Pessoas
Artista: Mariana Aydar
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * * * 1/2

Em 1991, ao gravar seu segundo álbum, Mais, Marisa Monte quis trocar a segurança das releituras que pontuaram seu estupendo primeiro disco - MM, lançado em janeiro de 1989 com o registro ao vivo do show que tinha sido incensado ao longo do ano anterior - por repertório autoral que, analisado em perspectiva, iniciou a construção de um universo particular que fez da cantora uma das artistas mais importantes de sua geração. Guardadas as devidas proporções, Mariana Aydar segue a mesma trilha de Marisa em seu segundo álbum, Peixes, Pássaros, Pessoas. E acerta ao começar a criar um universo todo particular para sua obra. Escorada na antenada produção de Duani e Kassin, que conecta Aydar aos sons contemporâneos, a cantora investe em repertório inédito. E a aposta mais arriscada - confiar a Duani, parceiro de vida e de música, a autoria (ou co-autoria) de sete das 13 músicas do álbum - também se mostra acertada. Duani cresce e aparece como compositor em faixas como o samba-enredo Poderoso Rei, o partido O Samba me Persegue - que tem seu alto quilate abrilhantado pela presença espontânea de Zeca Pagodinho, com quem Aydar improvisa no final - e Florindo, samba que parece descender da linhagem nobre das criações das velhas guardas pela beleza melódica e pelo lirismo simples. Outros sambas de Duani - Teu Amor É Falso (em cujos metais se reconhece a grife da produção de Kassin) e Manhã Azul (bela parceria com Nuno Ramos) - pontuam o álbum, mas Peixes, Pássaros, Pessoas transcende o universo do gênero. Fora da roda do samba, Aydar cai moderna no forró - a reboque do xote Tá?, da lavra de Roberta Sá e Pedro Luís com Carlos Rennó, autor dos versos que cortam intencionalmente a última sílaba das palavras terminadas em "ta" - e se permite estranhezas autorais como Tudo que Eu Trago no Bolso, faixa na qual sua voz dialoga solitariamente com a guitarra de Lanny Gordin. Dentro dessa refinada linha indie que sustenta o álbum, a cantora pesca pérolas de uma turma que desponta juntamente como ela. Casos de Peixes (de Nenung, do grupo Os The Darma Lóvers), Beleza (parceria de Luisa Maita com Rodrigo Campos, gravada por Aydar em dueto com Mayra Andrade, cantora de Cabo Verde) e Nada Disso É pra Você (de Rômulo Fróes e Clima). Enfim, sem perda qualitativa, Aydar parte do geral do CD Kavita 1 para o particular deste ousado e surpreendente disco Peixes, Pássaros, Pessoas.

17 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Em 1991, ao gravar seu segundo álbum, Mais, Marisa Monte quis trocar a segurança das releituras que pontuaram seu estupendo primeiro disco - MM, lançado em janeiro de 1989 com o registro ao vivo do show que tinha sido incensado ao longo do ano anterior - por repertório autoral que, analisado em perspectiva, iniciou a construção de um universo particular que fez da cantora uma das artistas mais importantes de sua geração. Guardadas as devidas proporções, Mariana Aydar segue a mesma trilha de Marisa em seu segundo álbum, Peixes, Pássaros, Pessoas. E acerta ao começar a criar um universo todo particular para sua obra. Escorada na antenada produção de Duani e Kassin, que conecta Aydar aos sons contemporâneos, a cantora investe em repertório inédito. E a aposta mais arriscada - confiar a Duani, parceiro de vida e de música, a autoria (ou co-autoria) de sete das 13 músicas do álbum - também se mostra acertada. Duani cresce e aparece como compositor em faixas como o samba-enredo Poderoso Rei, o partido O Samba me Persegue - que tem seu alto quilate abrilhantado pela presença espontânea de Zeca Pagodinho, com quem Aydar improvisa no final - e Florindo, samba que parece descender da linhagem nobre das criações das velhas guardas pela beleza melódica e pelo lirismo simples. Outros sambas de Duani - Teu Amor É Falso (em cujos metais se reconhece a grife da produção de Kassin) e Manhã Azul (bela parceria com Nuno Ramos) - pontuam o álbum, mas Peixes, Pássaros, Pessoas transcende o universo do gênero. Fora da roda do samba, Aydar cai moderna no forró - a reboque do xote Tá?, da lavra de Roberta Sá e Pedro Luís com Carlos Rennó, autor dos versos que cortam intencionalmente a última sílaba das palavras terminadas em "ta" - e se permite estranhezas autorais como Tudo que Eu Trago no Bolso, faixa na qual sua voz dialoga solitariamente com a guitarra de Lanny Gordin. Dentro dessa refinada linha indie que sustenta o álbum, a cantora pesca pérolas de uma turma que desponta juntamente como ela. Casos de Peixes (de Nenung, do grupo The Darma Lóvers), Beleza (parceria de Luisa Maita com Rodrigo Campos, gravada por Aydar em dueto com Mayra Andrade, cantora de Cabo Verde) e Nada Disso É pra Você (de Rômulo Fróes e Clima). Enfim, sem perda qualitativa, Aydar parte do geral do CD Kavita 1 para o particular deste ousado e surpreendente disco Peixes, Pássaros, Pessoas.

13 de abril de 2009 às 16:13  
Anonymous Anônimo said...

Curiosa e sábia constatação, e ao mesmo tempo óbvia : o mercado irá se abrir para quem é original. As cópias estão esbranquiçadas. Se é para ser cópia, vai ser cover. Mas, já que quer uma carreira construa, de forma honesta. Mesmo que isso demore um pouco mais, mas é o único caminho para sobreviver nessa imensidão de talentos e entulhos.
Mariana, com ou sem ajuda de mamãe ( a dela) dá o recado.
Ainda não ouvi esse, mas como diria Oliveira, vou comprar.
Carioca da Piedade

13 de abril de 2009 às 16:40  
Anonymous Anônimo said...

Esta tudo certo com este trabalho.Mas Mariana tem que nos poupar um pouco de certas coisas que diz,tipo que a MPB so tem músicas com melodias tristes e com poesia que falam de coisas pra baixo.A turma da bossa nova ja queria tranformar isso a cinquenta anos atras,e transformou.Mas sem precisar de apelo preconceituoso e não renegando sua formação e influências em estilos mais melancolicos.

13 de abril de 2009 às 16:44  
Anonymous Anônimo said...

É o melhor CD do ano até agora!

13 de abril de 2009 às 18:32  
Anonymous Anônimo said...

Ouvi o disco, mas sinceramente não convenceu. Kavita é bem mais interessante. Não consegui constatar nada que diferencie de outros discos recentes que flertam com o samba como o da Virginia Rosa (que soa até mais interessante)... Não foi dessa vez Mariana...

13 de abril de 2009 às 20:01  
Anonymous Anônimo said...

MARAVILHAAA!

É o melhor CD do ano até agora![2]

13 de abril de 2009 às 23:11  
Anonymous Anônimo said...

Cd normal, de uma cantora normal, de voz normal. E só.

14 de abril de 2009 às 08:26  
Anonymous Anônimo said...

Bem , pela BOA crítica fiquei com muita vontade de comprar. Tenho Kavita e adoro Mariana no Palco, vamos ver se melhorou mais ainda.

14 de abril de 2009 às 09:06  
Anonymous Anônimo said...

É o melhor CD do ano até agora (3)
Little Joy é do ano passado né?

14 de abril de 2009 às 10:59  
Blogger Pedro Progresso said...

Muito melhor que o Kavita. Um excelente disco. Mariana evoluiu como cantora e a produção está muito bem trabalhada. Sambas muito bonitos, guitarras ótimas... Só mudaria a música com Mayra Andrade, uma vez que "Tunuka" gravada pelas duas (e que tem uma versão solo no disco de Mayra) seria mais bonita que a canção escolhida.

14 de abril de 2009 às 15:00  
Anonymous Sílvio said...

Falam tanto em criatividade original, mas o próprio nome do disco vem da música peixes dos The Darma Lóvers, acabei de ler em um jornal, onde o jornalista Bruno Ghetti, pergunta : por que o disco se chama "Peixes Pássaros Pessoas" ? Resposta : Pensei em peixes em aquários, pássaros dentro de gaiolas, pessoas andando pelas salas. Desabafo : "essa é exatamante a letra da música Peixes (2000), como assim PENSEI ? ou o correto seria Ctrl+C e Ctrl+V ? Cade a criatividade ? Tudo bem fazer uma parceria mas isso no meu ponto de vista é demais ...

15 de abril de 2009 às 14:44  
Anonymous Sílvio said...

esqueci de comentar, quem responde a pergunta é a própria cantora Mariana Aydar.

15 de abril de 2009 às 17:15  
Anonymous Anônimo said...

também não me convence...
fica pra outra, Mariana.

16 de abril de 2009 às 20:40  
Anonymous Anônimo said...

tb não gostei muito mais dos arranjos q da escolha do repertório... achei q soou muito igual e deu a impressão de ouvir a mesma música... o primeiro cd sim é realmente mais dinâmico..
Adriano

16 de abril de 2009 às 20:57  
Anonymous Anônimo said...

Esta é minha opinião também link abaixo:
http://www.sobremusica.com.br/2007/01/22/cd-mariana-aydar-kavita-1/

18 de abril de 2009 às 22:46  
Anonymous Anônimo said...

Como alguns fãs enlouquecidos dizem:"Mariana Aydar fez o melhor disco do ano".Que pobreza a produção musical do Brasil.Não é porque o Caetano aprovou que é bom.Ele já aprovou tanta coisa que não foi pra frente.Já declarou até que a Sandy era uma grande cantora.Vocês lembram?

19 de abril de 2009 às 18:02  
Anonymous Val said...

O disco não é ruim e a cantora também não, mas falta algo...
Preciso me esforçar um pouco pra gostar.
Então já era.
A pergunta que não quer calar: quando aparecerá uma nova cantora, com algo relevante a mostrar, com personalidade e que consiga se destacar dessa multidão de cantoras sem identidade?

13 de maio de 2009 às 11:39  

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