21 de fevereiro de 2009

CD revive Carnavais de Carmen e suas herdeiras

Resenha de CD
Título: Carmen Miranda 100 Anos - Duetos e Outras Carmens
Artista: Carmen Miranda e outros
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * * * * 1/2

Solitária homenagem da indústria fonográfica ao centenário de nascimento de Carmen Miranda (1909 - 1955), a coletânea dupla Carmen Miranda 100 Anos - Duetos e Outras Carmens revive os Carnavais da Pequena Notável e de suas herdeiras. O CD 1 reúne 14 duetos gravados pela cantora entre 1931 e 1934 com nomes como Francisco Alves (1898 - 1952), Lamartine Babo (1904 - 1963), Mário Reis (1907 - 1981) e Silvio Caldas (1908 - 1998). São gravações muito raras, nem todas produzidas para o Carnaval, mas, no caso de Carmen - foliã pela própria natureza inicialmente alegre - a verve de seu canto prenunciou uma folia tropicalista à qual aderiram as cantoras herdeiras da malícia da notável intérprete. Para comprovar a pioneira vivacidade da cantora, basta ouvir o dueto que abre o CD 1, Alô Alô, marcha da lavra de André Filho (1906 - 1974) que Carmen lançou com Mário Reis em 1933 e que uma de suas mais legítimas herdeiras, Maria Alcina, tirou do baú 40 anos depois quando gravou seu primeiro LP, editado em 1973 puxado pelo tema de André Filho. Elas, as herdeiras, estão no CD 2, Outras Carmens, em que Alcina figura em duas das 14 regravações do repertório de La Miranda, muitas já raras, pois feitas para trilhas de novelas ou discos que já saíram de catálogo. Em dueto como Daltony, gravado em 1983, Alcina dá o exato tom de malícia exigido por Cozinheira Grã-Fina, jocoso samba-choro de Sá Roris (1887 - 1975) que Carmen lançou em dueto com Almirante (1908 - 1980) em gravação de 1939. Sob base eletrônica urdida pelo DJ Zé Pedro, Alcina ainda costura Diz que Tem, Mamãe Eu Quero e Tico-Tico no Fubá em medley modernoso. Trata-se, aliás, de uma das duas gravações inéditas produzidas especialmente para a coletânea. A outra é Camisa Listrada (Assis Valente), revisitado por Elza Soares sem a ginga e a verve que pontuam as regravações de Uva de Caminhão (com Olivia Byington, no auge vocal, na companhia do piano atento de João Carlos Assis Brasil), O que É que a Baiana Tem? (com Rita Lee, em gravação pouco conhecida feita para tributo aos 80 anos de Dorival Caymmi), Eu Dei (com Marília Barbosa, em registro feito para a trilha sonora da novela Nina, em 1977), ...E o Mundo Não se Acabou (com a fina ironia de Adriana Calcanhotto, em fonograma produzido em 1995 para a trilha da minissérie O Fim do Mundo) e Cachorro Vira-Lata (com Baby Consuelo, em gravação rara, feita em 1996 com sua habitual vivacidade para a trilha sonora da novela Vira-Lata). Também rara e igualmente sedutora é a leitura de Evinha para Na Baixa do Sapateiro, feita para disco de 1973 com uma pulsação que honra essa obra-prima de Ary Barroso (1903 - 1964). Enfim, Carmen Miranda teve importância tão seminal na música brasileira que gerou outras Carmens. Realçar a infinda influência da obra notável da Brazilian Bombshell em outras gerações e intérpretes é o maior mérito da coletânea dupla criada por Thiago Marques Luiz. Carmen foi 100!!

4 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Solitária homenagem da indústria fonográfica ao centenário de nascimento de Carmen Miranda (1909 - 1955), a coletânea dupla Carmen Miranda 100 Anos - Duetos e Outras Carmens revive os Carnavais da Pequena Notável e de suas herdeiras. O CD 1 reúne 14 duetos gravados pela cantora entre 1931 e 1934 com nomes como Francisco Alves (1898 - 1952), Lamartine Babo (1904 - 1963), Mário Reis (1907 - 1981) e Silvio Caldas (1908 - 1998). São gravações muito raras, nem todas produzidas para o Carnaval, mas, no caso de Carmen - foliã pela própria natureza inicialmente alegre - a verve de seu canto prenunciou uma folia tropicalista à qual aderiram as cantoras herdeiras da malícia da notável intérprete. Para comprovar a pioneira vivacidade da cantora, basta ouvir o dueto que abre o CD 1, Alô Alô, marcha da lavra de André Filho (1906 - 1974) que Carmen lançou com Mário Reis em 1933 e que uma de suas mais legítimas herdeiras, Maria Alcina, tirou do baú 40 anos depois quando gravou seu primeiro LP, editado em 1973 puxado pelo tema de André Filho. Elas, as herdeiras, estão no CD 2, Outras Carmens, em que Alcina figura em duas das 14 regravações do repertório de La Miranda, muitas já raras, pois feitas para trilhas de novelas ou discos que já saíram de catálogo. Em dueto como Daltony, gravado em 1983, Alcina dá o exato tom de malícia exigido por Cozinheira Grã-Fina, jocoso samba-choro de Sá Roris (1887 - 1975) que Carmen lançou em dueto com Almirante (1908 - 1980) em gravação de 1939. Sob base eletrônica urdida pelo DJ Zé Pedro, Alcina ainda costura Diz que Tem, Mamãe Eu Quero e Tico-Tico no Fubá em medley modernoso. Trata-se, aliás, de uma das duas gravações inéditas produzidas especialmente para a coletânea. A outra é Camisa Listrada (Assis Valente), revisitado por Elza Soares sem a ginga e a verve que pontuam as regravações de Uva de Caminhão (com Olivia Byington, no auge vocal, na companhia do piano atento de João Carlos Assis Brasil), O que É que a Baiana Tem? (com Rita Lee, em gravação pouco conhecida feita para tributo aos 80 anos de Dorival Caymmi), Eu Dei (com Marília Barbosa, em registro feito para a trilha sonora da novela Nina, em 1977), ...E o Mundo Não se Acabou (com a fina ironia de Adriana Calcanhotto, em fonograma produzido em 1995 para a trilha da minissérie O Fim do Mundo) e Cachorro Vira-Lata (com Baby Consuelo, em gravação rara, feita em 1996 com sua habitual vivacidade para a trilha sonora da novela Vira-Lata). Também rara e igualmente sedutora é a leitura de Evinha para Na Baixa do Sapateiro, feita para disco de 1973 com uma pulsação que honra essa obra-prima de Ary Barroso (1903 - 1964). Enfim, Carmen Miranda teve importância tão seminal na música brasileira que gerou outras Carmens. Realçar a influência da obra notável da Brazilian Bombshell em outras gerações e intérpretes é o maior mérito da coletânea dupla criada por Thiago Marques Luiz. Carmen foi 100!!

21 de fevereiro de 2009 às 11:46  
Anonymous Anônimo said...

Fico feliz de estar aprendendo sobre a Carmen do rádio e do disco. A do cinema é muito importante, mas acho que ganhou uma dimensão desproporcional na memória popular, se comparada à cantora feita para ouvir.

21 de fevereiro de 2009 às 16:15  
Blogger Dafne Sampaio said...

ô mauro,
tá no ar, lá no gafieiras, a coluna 5prauma com suas dicas.

http://www.gafieiras.com.br/Display.php?Area=Colunas&SubArea=Colunas&ID=271&IDEscritor=136&css=1

21 de fevereiro de 2009 às 18:50  
Anonymous Anônimo said...

Olá Mauro. Sábias palavras. Parabéns pela lucidez em entender e fazer muitos entender a importância de Carmen para nossa música popular e cultura. Gostaria de ter sua autorização para eu transcrever seu texto para o site criado por mim inteiramente dedicado à Carmen em www.carmen.miranda.nom.br Meu e-mail: donisacramento@interair.com.br Grande abraço.

25 de fevereiro de 2009 às 22:17  

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