26 de março de 2008

Quinteto retorna fiel às cores do melhor samba

Resenha de CD
Título: Patrimônio da
Humanidade
Artista: Quinteto em
Branco e Preto
Gravadora: Trama
Cotação: * * * *

Enquanto o grupo carioca Fundo de Quintal permanece cedendo às duras pressões da indústria fonográfica para gravar redundantes discos ao vivo (com justa ressalva para o belo álbum de inéditas Pela Hora, de 2006), o Quinteto em Branco e Preto colhe os frutos por semear no quintal paulista o gosto pelo melhor samba. Avalizado por Beth Carvalho desde seu primeiro disco, Riqueza do Brasil (2000), o grupo chega ao terceiro CD, Patrimônio da Humanidade, fiel às cores do melhor samba. É o primeiro álbum do Quinteto em seis anos - e o sucessor de Sentimento Popular (2002) vai fazer jus à expectativa criada pelos admiradores dos sambistas, oriundos da periferia de São Paulo (SP). O padrão de qualidade do grupo é mantido em sambas como o melódico Mananciais - trunfo do CD.
Seja nos sambas românticos de tom dolente que nunca resvala na banalidade do pagode sentimental (Desejo, Coisas do Coração, Meu Pranto), seja nos sambas de balanço mais buliçoso (Cabrochinha é uma delícia), os principais compositores do grupo - Magnu Sousá e Maurílio de Oliveira - mostram que estão entre os melhores criadores do gênero. No repertório quase todo inédito de Patrimônio da Humanidade, há belos sambas da dupla - como a faixa-título, que alude ao fato de o samba de roda da Bahia ter sido eleito patrimônio nacional pela Unesco. Fora da lavra de Magnu e Maurílio, há partidos de altíssimo quilate como Brisa da Colina e Carrapato Deu no Boi, unidos em contagiante medley. Outro destaque é Prisão Especial, parceria de Nei Lopes com o violonista e vocalista do quinteto, Everson Pessoa. Na sarcástica letra, a melhor do CD, o sempre afiado Nei Lopes alfineta o preconceito que ainda envolve os sambistas face às empresas e autoridades. Tema recorrente em Elemento Suspeito, que toca na ferida do racismo ao falar do preconceito sofrido pelos negros que moram em morros e favelas - com direito a efeitos sonoros. Enfim, Patrimônio da Humanidade é um grande disco de samba. Somente os preconceituosos e os cariocas bairristas vão fechar os ouvidos para a beleza do repertório gravado pelo Quinteto em Branco e Preto - ele próprio um patrimônio do samba. E do Brasil.

6 Comments:

Anonymous Anônimo said...

o comentário sobre o bairrismo carioca era desnecessário e nada acrescenta ao seu texto tão legal.

26 de março de 2008 às 18:41  
Anonymous Anônimo said...

Sou Carioca e bairrista e pretendo ouvir o CD. Que deve ser muito bom.

26 de março de 2008 às 18:52  
Anonymous Anônimo said...

Sou Carioca, já FUI MUITO bairrista (agradeço ao BC canta os sambas de São Paulo) e pretendo ouvir o CD! Aliás, deve ser muito bom! E se tiver a minha Rainha, será melhor ainda! rs

Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

26 de março de 2008 às 19:55  
Blogger Ju Oliveira said...

Sou carioca que vive em SP e o Quinteto é demais. A verdade é que eles são melhores que os grupos jovens de samba do Rio atual. Como o cd do Jair, estou esperando esse desde o ano passado.

26 de março de 2008 às 21:13  
Anonymous Anônimo said...

O Quinteto dá de mil a zero no atual fundo de quintal, sem comparação.
Eles tratam o samba com respeito e carinho, só pode dá certo.

Jose Henrique

27 de março de 2008 às 00:17  
Anonymous Anônimo said...

Sou fanático pelo som do Quinteto, não necessitamos fazer comparações com recentes ou antigos grupos do samba, pois como eles atualmente o Fundo de Quintal teve inegável importância para divulgação do samba raiz em algum momento passado e reconhecido pelo proprio quinteto. O que fico mais feliz e ver o publico abaixo de 30 anos fiel e amante da boa música brasileira, faço questão de divulgar o trabalho desses excelentes músicos a todos que adoram música, presenciei vários de meus amigos começare a amar samba após convence-los a assistir aqui em SP o Quinteto, Veronica Ferriani e Fabiana Cozza. O samba de verdade não é destaque para as principais mídias por enquanto.
Rafael de SP

2 de maio de 2008 às 20:25  

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